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Como grandes empresas podem se aproximar das startups?

Para não ficar para trás desse movimento, grandes corporações desenvolvem estratégias de crescimento para estar lado a lado das startups

Cada vez mais surgem startups oferecendo soluções digitais inovadoras para diferentes áreas de mercado. São cerca de 10 mil empresas nascentes de base tecnológica em todo o Brasil, de acordo com dados divulgados neste ano pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), grande parte delas criadas fora do eixo RJ-SP.

Para se ter uma ideia, apenas no estado de Santa Catarina, considerado o quarto maior polo no setor de tecnologia do Brasil, das 11,2 mil empresas existentes, metade surgiu nos últimos quatro anos de acordo com o Acate Tech Report 2019, estudo feito pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).

Para não ficar para trás desse movimento, grandes corporações desenvolvem estratégias de crescimento para estar lado a lado das startups. Entre as inúmeras possibilidades de Corporate Venture, há duas que se destacam: estímulo ao intraempreendedorismo e o investimento em startups. Na Softplan, adotamos esses dois caminhos como fórmula para acelerar o processo de inovação e novos negócios para melhorar o portfólio de soluções.

Para tanto, desenvolvemos frentes internas ligadas à inovação em cada uma das três unidades de negócio que possuímos: Justiça, Gestão Pública e Indústria da Construção. Em nosso planejamento estratégico desenhado em 2015, decidimos incluir um pilar de inovação em cada uma dessas unidades, associada a uma estratégia de crescimento.

Para isso, foi preciso rever nossa forma de inovar e criar produtos. O modelo anterior de Pesquisa e Desenvolvimento foi transformado. Partimos da seguinte pergunta: que estratégia precisamos criar para transformar a companhia a ponto de matar o modelo de negócio atual, para que ela sobreviva no futuro? O investimento em intraempreendedorismo e, paralelamente, em startups para aquisição de conhecimento e novas soluções foi uma das respostas encontradas. Hoje, promovemos ações junto aos nossos colaboradores para encontrar eventuais empreendedores, além de observar o mercado, ver os negócios que podem compor nossos atuais investimentos e os incorporar em nosso core business.

Estimular o intraempreendedorismo

Para fazer acontecer esses quase 30 anos em que a Softplan está no mercado, hoje reunimos mais de 1,9 mil colaboradores. Cada um com seu propósito de vida e profissional. E porque não estimular o empreendedorismo entre eles? Foi assim que nasceu as iniciativas que temos hoje, como é o caso do Inova Agora, programa lançado em outubro de 2016. Em apenas um mês, juntamos 165 ideias que resultaram em 31 propostas e 10 projetos selecionados. Dali, seguiram para um Innovation Day, para apresentação dos projetos escolhidos e, no ano seguinte, as outras etapas: prototipação, validação da solução final com cliente e implementação do piloto.

Ou seja, antes de investir em startups que já estão no mercado, olhamos para dentro para nos relacionar com o que ainda estava em fase prematura. E isso só foi possível trabalhando o clima organizacional, a competência dos colaboradores, o estímulo às lideranças para conseguir dialogar com o ecossistema e com as novas soluções. Porque, antes de tudo, queríamos ser uma empresa startup friendly.

Passamos a oferecer desafios e movimentar os colaboradores para participar, com benefícios, tempo e metodologia. Criamos um ambiente interno onde o colaborador que tem predisposição para empreender vai aparecer e participar. Foi de situações como essa que começamos a desenhar nossa quarta unidade de negócio, com foco em Saúde e healthtechs.

Nela, já temos o Dictas, plataforma que utiliza ciência de dados para evidenciar os ofensores dos custos assistenciais, realizando a estratificação inteligente de risco para ações de melhoria em processos, promoção à saúde e medicina preventiva.

Praticar Corporate Venture

Outro software passou a integrar o ainda recente portfólio de soluções para a saúde. A BIO.apsé uma solução completa de coordenação de cuidados. Seu principal diferencial é unir tecnologia e humanização, permitindo o contato direto do usuário com uma equipe de saúde 24h por dia, entregando saúde de forma contínua e não somente suporte pontual na doença.

No caso dessa startup, que é liderada pelo médico Carlos Braga, especialista em medicina de família e comunidade, a nossa estratégia de aproximação foi outra: o Corporate Venture.

Seguir pelo capital de risco corporativo pode ser um bom caminho para agregar conhecimento ao negócio. Ainda que a companhia já esteja consolidada no mercado, toda fonte de informação nova sempre é bem-vinda.

O timing para criar uma startup do zero é diferente de uma que já está testada ou fazendo o que gostaríamos de fazer. Foi por meio do Corporate Venture que nos aproximamos da WeGov, que promove aprendizado e inovação para a gestão pública por meio de uma série de ações em uma rede colaborativa para empoderar agentes públicos, visibilizar boas ideias e práticas e aproximar as três esferas e os três poderes. A segunda que também faz parte da companhia hoje é a 1Doc, plataforma colaborativa que auxilia a comunicação dos servidores com a população em prefeituras, além de reduzir o uso de papel. Em ambos os casos, convidamos esses empreendedores para utilizar nossa infraestrutura e base tecnológica e, num segundo momento, integramos suas soluções ao nosso portfólio para atender novos mercados.

Seja por meio do intraempreendedorismo ou investimento em startups o timing acontece de uma maneira distinta. Ainda que a pressão por resultados seja diferente, tomar as decisões e mudar diariamente um pouquinho a essência da grande empresa, em seu benefício, acontece toda hora. É só estar disposto.