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As muitas maneiras de investir em Startups
Em muitas oportunidades, sou questionado sobre os motivos pelos quais as startups sempre estão à procura de investimento. Acredito que essa pergunta é feita reiteradamente pelo fato de que nos negócios ditos “normais/tradicionais”, os empresários
Em muitas oportunidades, sou questionado sobre os motivos pelos quais as startups sempre estão à procura de investimento. Acredito que essa pergunta é feita reiteradamente pelo fato de que nos negócios ditos “normais/tradicionais”, os empresários não possuem essa necessidade de capital externo. Geralmente, os próprios sócios investem a totalidade do dinheiro necessário e a busca por investidores não é algo tão presente quanto nas startups.
Acontece dessa forma com os negócios tradicionais, pois a velocidade de retorno para o capital investido é mais lenta quando se compara com as startups.
Em que pese o cenário de investimento em startups ser totalmente diferente de um negócio tradicional, durante o nascimento e os primeiros passos de um projeto inovador, quem investe mesmo são os sócios. Este momento é chamado de Bootstrapping, ou investimento próprio.
É interessante perceber que uma startup precisa de investidores externos para que possa ganhar mercado com mais rapidez, não deixando espaço para concorrentes e aproveitando o momento certo para acelerar sua ideia para o público consumidor.
De acordo com Bill Gross, existem cinco fatores relevantes para uma Startup. Ele chegou nesses cinco fatores em razão de ter investido e trabalhado em mais de 200 startups. Os fatores são: ideia, time, modelo do negócio, capital e momento oportuno.
Dentro desses fatores, o mais importante para o sucesso de uma Startup é o momento oportuno de lançamento do negócio (timing), com 42%.
Isso demonstra que uma startup não pode esperar um crescimento orgânico, isto é, um ciclo de (i) investimento mínimo inicial, (ii) desenvolvimento da solução e correções, (iii) aquisição de consumidores com velocidade baixa, (iv) verificação de lucro, (v) reinvestimento.
Porém, a necessidade de capital externo não pode ser entendida como uma exclusividade de capital de investidores. Pense pela cabeça do investidor, pois ele se faz a seguinte pergunta: Se o próprio fundador não quer investir na ideia e correr riscos, por qual motivo eu deveria arriscar o meu dinheiro?
Em razão disso é que o investidor precisa saber o que os sócios fundadores já investiram e pretendem investir na ideia. É o que sempre digo: não adianta andar de carro zero km e pedir dinheiro para o investidor.
Neste momento, além do bootstrapping, existe o que chamo de Capital do amor (Love Capital), formado pelas pessoas mais próximas dos sócios e que acreditam na palavra deles ou, então, para pessoas que não sabem exatamente o risco que estão correndo. Em síntese, familiares, amigos e ingênuos (na expressão em inglês, o Love Capital é formado pelos três F’s (friends, family and fools).
Passada esta fase, a startup pode ser incubada ou acelerada, momento em que participará de programas de incubação/aceleração. Este momento envolve não somente a captação de investimento externo, pois as aceleradoras/incubadoras cobram uma participação societária, mas também as famosas mentorias.
Estas instituições possuem uma rede de mentores, que orientam os sócios fundadores das startups sobre vários aspectos (jurídico, marketing, tecnologia, gestão etc.).
São instituições muito confiáveis e que, na grande maioria dos casos, já são globais, fazendo com que a startup tenha acesso a uma rede mundial de contatos e oportunidades.
Depois dessas duas primeiras fases, chega a vez do investidor-anjo, aquela figura conhecida por ser o primeiro e real investidor da startup. Geralmente, este capital entra na startup para impulsionar vendas, finalizar o desenvolvimento da solução ou validar alguma parte específica do negócio.
Costumo observar que até este momento os fundadores da startup não recebem nenhum dinheiro pelas participações societárias recebidas, em que pese as quantias envolvidas girarem em torno de R$ 50 mil até R$ 300 mil.
Vencidas as três primeiras fases, chega a hora da verdade para a startup, pois aqui haverá a identificação se a startup vai decolar (ganhar tração e escalar), pivotar (mudar a rota e encontrar possibilidades diferentes) ou encerrar as atividades.
Caso haja ganho de tração e escala, aí os investimentos ficam mais sérios e maiores também, podendo alcançar a casa dos milhões de reais.
Aqui os fundadores precisam estar muito experientes e, principalmente, bem assessorados juridicamente, pois não há mais espaço para aventuras. Habilidades de negociação, finanças, contratos societários (fusões & aquisições – M&A), são colocadas à prova e demandadas de todos os envolvidos.
Acontece dessa forma porque os investidores são especialistas e muito profissionais. Eles sabem que há um risco muito grande nessa espécie de investimento, mas também sabem que o retorno pode ser melhor do que qualquer outro disponível no mercado.
Portanto, sempre que a conversa envolver investimentos, pesquise, compreenda e peça ajuda. Vale a pena.