Experimentamos atualmente um questionamento radical do sentido da própria existência humana. Frente aos desafios ocasionados por circunstâncias, podemos realizar sentido e efetivar valores. Estes não podem ser impostos coercitivamente aos membros da sociedade, sequer pordecisão da maioria. Cada qual possui o seu sistema de valores. É o que os jovens aprendem hoje, e por isso mesmo acreditam com demasiada facilidade que não precisam ter mais nenhum referencial mais estável. A experiência de valor do outro, no entanto, influencia fortemente a experiência de valor do próprio eu.
Desempenho é a ultrapassagem de si mesmo, e não de uma obrigação ou de um concorrente. Goethe diz estar o valor máximo na personalidade desenvolvida. Alargando o horizonte de valores, o homem torna-se apto a comparar valores por ele tidos como relevantes, em vista de uma escolha.
Escolher conscientemente significa mobilizar o poder do espírito, aquele poder realmentecapaz de afrontar as ameaças e os desafios do nosso tempo. A intervenção na crise, por importante que se configure, não poderá ser a única contribuição para se fazer frente aos incontáveis desafios existentes. Vivenciar a humanidade, dinamizar a capacidade para a paz envolve crescente aprendizagem no sentido de se configurar a vida em suas referências concretas, a partir da sua dimensão espiritual. Só assim conseguiremos dominar a agressividade, que exerce papel decisivo também na esfera política.
Com a dimensão espiritual, se abre para o homem moderno a nova perspectiva. O espírito pode nortear a agressividade, conduzi-la por caminhos mais suportáveis e até mesmo se contrapor a ela. Pode conjugar o impulso destrutivo à vontade de preservar e desenvolver. Pode relativizar a herança destrutiva de suas bases celulares através da criatividade construtiva de sua energia de trabalho.
O homem se torna capaz se tiver diante dos olhos um conteúdo que dê sentido ao seu esforço — que somente poderá ser encontrado nas possibilidades positivas, ainda a serem realizadas, de sua existência.