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Inadimplência tem crescimento recorde de 8,6% em abril
A explicação para esse resultado, segundo as entidades, é o cenário econômico de aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central.
Em um cenário de inflação em alta, a inadimplência no varejo registrou no mês passado um crescimento recorde de 8,6% na comparação com abril de 2013. O número, divulgado ontem pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, é o maior da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. A explicação para esse resultado, segundo as entidades, é o cenário econômico de aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central. Segundo a economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, a inflação e o aperto monetário são alguns dos motivos para o aumento das dívidas em atraso.
A estimativa do SPC Brasil, com base nos dados dos cadastros de inadimplência, é que existem hoje 53,8 milhões de consumidores brasileiros com dívidas em atraso. Segundo esse cálculo, entre março e abril, houve um aumento de 1,3 milhão de pessoas.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, também aponta que a alta da inadimplência é resultado de taxas de juros mais altas e inflação resistente. Ela explicou que embora não tenha havido exagero na concessão de crédito, ao menos recentemente, o endividamento segue em nível elevado. “Hoje o Brasil tem um ambiente macroeconômico pior. As famílias estão com orçamento apertado e a inflação machuca mais”, disse.
A inflação bateu em 6,15% nos 12 meses encerrados em março, de acordo com o IBGE, que divulga hoje o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril. Já os juros vêm subindo desde abril de 2014, de 7,25% ao ano para 11% ao ano, na última elevação feita no mês passado.
Emprego
O menor ritmo de geração de emprego no País também tem impacto na alta da inadimplência, segundo Alessandro del Drago, economista-chefe da Mauá Sekular. Na visão do especialista, a taxa de desemprego não tem subido porque a soma de pessoas que procuram emprego está recuando. “O crescimento da população ocupada está no menor nível da série do IBGE”, relatou. “As pessoas estão demorando mais para voltar ao mercado de trabalho e com isso acabam por atrasar as contas.”
Foi no grupo de serviços básicos (água, luz, esgoto e gás) que ocorreu o maior aumento na quantidade de dívidas em atraso, segundo o SPC Brasil. Na comparação com abril de 2013, a quantidade de dívidas em atraso no setor de serviços básicos subiu 12,38%. A alta para os bancos, por exemplo, subiu bem menos: 4,83%. Em telefonia, TV a cabo e internet, o crescimento foi de 5,78% e no comércio, 2,54%.
Dentro do setor de serviços básicos, a maior alta de número de dívidas em atraso foi nas contas de luz. Isso se deve, segundo Luiza Rodrigues, ao aumento generalizado dos preços na economia. “Quem tem dificuldade de pagar conta de luz são pessoas com renda menor. A gente atribui esse resultado, em parte, à inflação, que corrói mais a renda de pessoas mais pobres”, reafirmou.
No total, a quantidade de dívidas em atraso subiu 4,93%, a maior alta nos últimos 16 meses. Na comparação com março, a alta foi de 1,41%.